terça-feira, 13 de abril de 2010

blue butterfly (Mogwai sob escuta. Estou a correr, sentada, a 3,33 km hora)

Ontem, ainda não se fazia noite neste pedaço de coração.
A estrutura, se lhe queres conhecer o íntimo dinamismo,
define-se vulcânica.
Aparento este condão por um acaso lunar,
no entanto, dou alma em troca de tempo:
poderás aguardar enquanto troco de disco?
Dancemos a tua música preferida, enquanto te falo do meu cansaço.

Quando estaremos preparados para aceitar o espelho inteiro?
Por onde começar a escrita?
Será esta a última linha de um longo testamento de ausências?
Faz Abril neste calendário
e vejo nítidos os dias e os seus tamanhos,
na proporção dos meus mundos seguro a parte real deste pão e
atiro-o às aves,
para que o devorem.

Fenómenos estranhos ocorrem neste mês:
acordei e tinha entre mãos uma borboleta azul,
um rapaz sentou-se na cadeira ao meu lado e pediu-me luz em vez de lume.

É grave o que me fica,
mas apenas na tonalidade dessa melodia,
por mim, tenho voz e canto,
não sei o que fica da pele quando dramaticamente, queimada de sol ou dinamite.

É assim, que agora me vejo,
numa pauta montanhosa onde a moléstia é a própria fé.
Recupero as páginas dos livros todos do mundo,
e faço esta fogueira.
Se tivesse frio aquecia-me (e o frio é tanto).

Voltemos a ver a borboleta azul,
a poeira incandescente que ela te deixa no irregular diário.
Sem perícia,
naufraguemos no desígnio deste vento-
velozmente.